11.2.08

Mesa de Cabeceira VIII

O meu pai nunca me deixou entrar aqui. Devia sentar-se na cadeira de baloiço e olhar do postigo o jardim lá em baixo, o portão, a rua, eu pequena a brincar às fadas com a minha irmã no rebordo do lago. Aos domingos abria a gaveta da cómoda, remexia papéis até escutarmos o tilintar da argola, subia as escadas do sótão a procurar a chave no meio das outras chaves

(tal como hoje, agora que ninguém me proíbe, abri a gaveta, remexi papéis até escutar o tilintar da argola e subi as escadas a procurar a chave no meio das outras chaves)

não entres tão depressa nessa noite escura, António Lobo Antunes

2 comments:

Anonymous said...

Até agora o meu favorito.
Boas leituras e beijinhos.

Bárbara said...

Alex:
Tou a adorar também.
Beijinhos.