25.5.08

Esconderijo XII

As noites agora são longas e desembaraçadas de constrangimentos, dotadas de uma liberdade que não sei gozar...nunca estive habituada a este modo tão livre de ser. Um jeito retorcido que não me deixa sonhar, bloqueia-me a alma e exacerba infindáveis pensamentos que se deitam quando o sol já espreita. Às vezes quase que dou por mim a cair mesmo deitada, confundo as pernas com a cabeça, fico partida e nem o meu pijama tão branco me traz mais luz.
Conservo-me nos meus olhos tristes, e tento fechar uma porta resistente com um puxador fora de moda que me aprisiona e vai metamorfoseando o meu coração. O coração que é só um músculo. Isto soa assim...
Confundo as recordações, e já não existem dias perfeitos, já não canto: Just a perfect day / I`m glad I spent it with you/ Oh, such a perfect day: you just keep me hanging on(…)*
És agora o artista das representações baratas, que suspende malabares mal equilibrados e que estão na iminência de caírem. O músico das canções tristes. O poeta de palavras intervaladas, de espaçamentos laaaaaaaaaaargos que fazem ecos de um silêncio aterrador. O pintor dos cenários negros. És a louca sensação de um engano, és um recado sem mensagem...

* "Perfect Day", Lou Reed
Foto: your kiss wont make me by hollyjphotography
Bárbara

1 comment:

Lunapapa said...

A nossa felicidade e paz nao pode depender de ninguem, NUNCA! Como as tuas palavras foram as minhas...mas tudo passa, quando finalmente nos voltamos a apaixonar por nos, e pela liberdade de estarmos sos. Tao felizes podemos ser sozinhas, o truque nao e' dificil, por vezes a vontade 'e mais. R**