Aqueles olhos aproximam-se e passam.
Perplexos, cheios de funda luz, doces e acerados, dominam-me.
Quem os diria tão ousados?
Tão humildes e tão imperiosos,
tão obstinados!
Como estão próximos os nossos ombros!
Defrontam-se e furtam-se,
negam toda a sua coragem.
De vez em quando
esta minha mão,
que é uma espada e não defende nada,
move-se na órbita daqueles olhos,
fere-lhes a rota curta,
Poderosa e plácida.
Amor, tão chão Amor,
Que sensível és...
Sensível e violento, apaixonado.
Tão carregada de desejos!
Acalmas e redobras
e de ti renasces a toda a hora.
Cordeiro que se encabrita e enfurece
e logo recai na branda impotência.
Canseira eterna!
Ou desespero, ou medo.
Fuga doida à posse, à dádiva.
tanto bater de asas frementes,
tanto grito e pena perdida...
E as tréguas, amor?
Cada vez mais longe, mais longe e apetecidos.
Ò amor, amor, que faremos nós de ti
e tu de nós?
Irene Lisboa
Para J. M
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