Olho as sombras que emolduram apetecíveis e sinuosos riscos...
Atrevo-me a fechar à chave numa precisão sentimental que nunca tenho, aquilo que mais me apetece. Arrumo-me em quedas com sabor a terra, renovo-me em barulhos que faço por tudo e por nada, conto-me em esperas estanques que me pedem para te escrever uma carta.
Acelerada a angústia distingo-me em mosaicos simples que fazem a fotografia daquilo que sinto através de compassos que construí para mim mesma. Ajoelho-me frequentemente sobre eles como se de um ritual interpretativo se tratasse para me conhecer, não me deixo ir porque o reconhecimento de mim torna-se difícil e ancoro-me numa cobardia constrangedora.
Sigo os meus dias naquela correria que me adormece despertada por incertezas de que gosto e contra uma melancolia que me afasta dos depósitos do meu jeito. Discuto o assunto comigo e rodopio já tonta em contrariedades que me fazem feliz. Liberto anseios exóticos que agora se deslocam do meu corpo e esgoto os mistérios que se estranham em mim.
Como te chamas??? Posso-te roubar emoções??? Juro que depois as te devolverei num afago de La Dolce Vita.
Se me deixares, volto a escrever-te...
Bárbara
2 comments:
podes pensar que será essa mesma precisão sentimental que te fará escrever as cartas...no entanto é na doçura da tua escrita que se encontram as mais puras formas de libertação...
quero mais:)
beijinhos e saudades
Texto eivado de um secreto hermetismo mas muito bom, Bárbara.
"...depois as te devolverei..."
Preferiria "..tas devolverei" ou "...elas te serão devolvidas"
Mas isto é uma questão de estilo!
Um abraço e parabéns.
Jorge
Post a Comment