7.8.07

Mesa de Cabeceira V

(...)Não tendo elos indissolúveis e definitivos- o cidadão da nossa líquida sociedade moderna-e os sucessores actuais são obrigados a unir por iniciativa, habilidades e dedicação próprias, os laços que porventura pretendam usar com o resto da humanidade. Isolados, precisam de se ligar... Nenhuma das ligações que venham a preencher a lacuna deixada pelos vínculos ausentes ou absoletos tem, contudo, garantia de permanência. De qualquer modo, esses laços precisam de ser atados levemente, para poderem ser outra vez desfeitos, sem grandes delongas, quando os cenários mudarem- o que, na modernidade líquida ocorrerá repetidas vezes.
A misteriosa fragilidade dos vínculos humanos, o sentimento de insegurança que ela inspira e os desejos contraditórios ( estimulados por tal sentimento) de apertar os laços e ao mesmo tempo de os manter frouxos (....).
No nosso mundo de furiosa "individualização", os relacionamentos são bênções ambíguas. Oscilam entre o sonho e o pesadelo, e não há como determinar quando um se transforma no outro. Durante a maior parte do tempo, esses dois avatares coabitam- embora em diferentes níveis de consciência. No líquido cenário da vida moderna, os relacionamentos talvez sejam os representantes mais comuns, agudos, perturbadores e profundamente sentidos de ambivalência. È por isso , podemos garantir que se encontram tão firmemente no cerne das atenções dos modernos e líquidos indivíduos-por-decreto e no topo da sua agenda existencial.
Como apontou Emerson, quando se esquia sobre gelo fino, a salvação está na velocidade. Quando se é traído pela qualidade, tende-se a procurar a desforra na quantidade.(...)
Zygmunt Bauman, "Amor Líquido"

1 comment:

Bárbara said...

Obrigado pelo livro!
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