29.5.08
26.5.08
O no-esquecimento subscreve
Do acordo ortográfico
Serve o presente texto para expor em breves palavras a minha posição sobre a adopção do acordo ortográfico mais recente, uma vez que me manifestei contra ele neste mesmo blog sem grande explicação. Em primeiro lugar referir que a sua adopção e a minha consequente posição sobre a sua adopção puxou por um lado supostamente nacionalista que eu não tenho e que refuto de todo. Há que ser crítico pelas razões que julgo certas e não por influência de determinados folclores políticos que são uma anedota per si. Assim, estou perfeitamente convicto – mesmo pela minha formação académica, bem como pelos estudos que tenho efectuado – que as manifestações culturais de uma determinada cultura obedecem, a priori, à dinâmica estabelecida entre as pessoas dessa cultura e a geografia onde esta se manifesta. No caso da língua portuguesa, nas suas múltiplas formas evolutivas, bem como na evolução específica das suas vertentes multi geográficas, estabeleceram-se diferenças por influência político-territorial que agora se tentam unificar. Um erro crasso a meu ver. Um erro porque, sendo adoptado por todas as culturas geograficamente distintas, o acordo desembocará inevitavelmente em novas especificidades geo-políticas, talvez de uma forma bem mais rápida do que se possa julgar. Se tanta gente diz que a sua pátria é a sua língua, eu afirmo que a minha língua é o território político onde a aprendi. Alterá-la com o intuito de forçar a sua unificação politica e territorial é querer de todo remar contra a maré, uma vez que as distintas formas de como a língua evoluiu obedeceu a uma evolução de séculos e, mesmo quando determinada por factores políticos – veja-se a independência dos PALOP’s – foi beber à evidência regional que essas línguas portuguesas já apresentavam. Por isso, acho, sejamos sérios. Pensemos nos argumentos contrários, como por exemplo as próximas gerações aprenderem o português deste acordo e rapidamente o adoptarem como certo. Também rapidamente o acordo será adoptado de diversas formas, de acordo com os diversos países onde se fala a língua. É óbvio que assim aconteça. O resultado será então que se assassinaram diversas línguas com um intuito de globalização, que nunca existe no plano da prática usual da língua e que, tenho a certeza, evolui muito mais rápido no plano prático da comunicação oficiosa do que na lenta e oficial forma de falar e escrever dos governantes. Tento falar e escrever a minha língua cada vez com mais perfeição, fazendo justiça a toda a sua evolução que me antecedeu e respeitando por isso toda a carga histórica que a compõe, que me compõe a mim, que dela sou filho. Não me obriguem a destruí-la em prol de vontades políticas obscuras, que não justificam as verdadeiras razões pela qual a adoptam. Assim, apelo ao boicote do acordo ortográfico, com o mesmo argumento com que sou contra a manipulação genética de seres humanos. Deixem a evolução seguir o seu plácido ritmo.
Alexandre Valinho in http://homensnaochoram.blogspot.com/
Luta de galos
Agora existem galos para todos os gostos. Galos mais tradicionais, mais modernos, artesanais, com música e sem música, até sem crista se quiserem. " È a loucura de Gama levada ao extremo e o humor mais eficaz aplicado a toda uma nação de galos frustrados. Assumam-se galos de Barcelos, de Lisboa, de Vila Real de Santo António. Libertem-se galos dourados, de chocolate ou de cabedal. Saiam da capoeira! Da Cock-House! È a vossa oportunidade de exibirem a crista que há em vós."*
Imaginem só... o último galo que eu conheci até falava brasileiro e não se deixem enganar porque nem sequer era tão bonito como o Chico Buarque!!! ;)))
*Umbigo número 24.
Bárbara
25.5.08
Esconderijo XII
As noites agora são longas e desembaraçadas de constrangimentos, dotadas de uma liberdade que não sei gozar...nunca estive habituada a este modo tão livre de ser. Um jeito retorcido que não me deixa sonhar, bloqueia-me a alma e exacerba infindáveis pensamentos que se deitam quando o sol já espreita. Às vezes quase que dou por mim a cair mesmo deitada, confundo as pernas com a cabeça, fico partida e nem o meu pijama tão branco me traz mais luz.
Conservo-me nos meus olhos tristes, e tento fechar uma porta resistente com um puxador fora de moda que me aprisiona e vai metamorfoseando o meu coração. O coração que é só um músculo. Isto soa assim...
Confundo as recordações, e já não existem dias perfeitos, já não canto: Just a perfect day / I`m glad I spent it with you/ Oh, such a perfect day: you just keep me hanging on(…)*
És agora o artista das representações baratas, que suspende malabares mal equilibrados e que estão na iminência de caírem. O músico das canções tristes. O poeta de palavras intervaladas, de espaçamentos laaaaaaaaaaargos que fazem ecos de um silêncio aterrador. O pintor dos cenários negros. És a louca sensação de um engano, és um recado sem mensagem...
Conservo-me nos meus olhos tristes, e tento fechar uma porta resistente com um puxador fora de moda que me aprisiona e vai metamorfoseando o meu coração. O coração que é só um músculo. Isto soa assim...
Confundo as recordações, e já não existem dias perfeitos, já não canto: Just a perfect day / I`m glad I spent it with you/ Oh, such a perfect day: you just keep me hanging on(…)*
És agora o artista das representações baratas, que suspende malabares mal equilibrados e que estão na iminência de caírem. O músico das canções tristes. O poeta de palavras intervaladas, de espaçamentos laaaaaaaaaaargos que fazem ecos de um silêncio aterrador. O pintor dos cenários negros. És a louca sensação de um engano, és um recado sem mensagem...
* "Perfect Day", Lou Reed
Foto: your kiss wont make me by hollyjphotography
Bárbara
24.5.08
21.5.08
20.5.08
Esconderijo XI
Crio as minhas novas rotinas livre de belas ou tristes histórias segura somente pelas minhas mãos bloqueadas pela ansiedade do tempo. Oculto-me dos cafés cheios de pessoas que não conheço, das ruas que me viram crescer, e da maresia que me acorda todas as manhãs, e assim saúdo o silêncio do meu coração assustado. Afasto-te da minha lua de mel e olhas-me de alma partida que transcende as minhas lamentações vazias...fecho os olhos e encolho as pernas e recordo dias melhores sem promessas.
Bárbara
18.5.08
NOVA BÁRBARA ESCRAVA
Barborinha uma crioula.
Faz de bahiana evocada
Num hotel de vidro e avenca;
Usa torço cor-de-rosa,
Pano-da-costa fingido,
Chambre crivado no seio:
Seu balangandã preserva-a
Bem menos que seu enleio.
Para não ver os meus olhos
– Figa branca, figa preta-
Atira-as pra trás nas costas,
Tão bem, que só vê diante
A cuia do vatapá:
Mas eu sei quantas pancadas,
Vindo assim, seu peito dá.
Peixinho moreno, pula
No aquário do hotel de luxo
Como gota de água ao céu:
Tem vergonha de ser mate,
O seu passo é como um véu.
Barborinha é uma crioula
(Mulatinha era demais):
As cores, à parte, são várias:
Unidinhas, são iguais.
Vem servir-me cor-de-rosa,
Parda me serve xinxim
(Pérfido, atraso o jantar Fitando-a entro e mim).
Mas o que serve em verdade
A Barborinha morena,
Na sua saia bahiana
Com roda de campainha,
Não é o envisco que comem
Os peixes do hotel de vidro,
Mas a sua graça apenas.
Tão quente (sendo ela fria)!
E as mãos! as mãos! – tão pequenas,
Tão pequenas, que eu diria
Que as fazem penas – e fogem
As aves que há na Bahia!
Vitorino Nemésio
A Poesia ao Domingo transforma o vazio do coração em recordações que transbordam em flores. :)
Bárbara
Faz de bahiana evocada
Num hotel de vidro e avenca;
Usa torço cor-de-rosa,
Pano-da-costa fingido,
Chambre crivado no seio:
Seu balangandã preserva-a
Bem menos que seu enleio.
Para não ver os meus olhos
– Figa branca, figa preta-
Atira-as pra trás nas costas,
Tão bem, que só vê diante
A cuia do vatapá:
Mas eu sei quantas pancadas,
Vindo assim, seu peito dá.
Peixinho moreno, pula
No aquário do hotel de luxo
Como gota de água ao céu:
Tem vergonha de ser mate,
O seu passo é como um véu.
Barborinha é uma crioula
(Mulatinha era demais):
As cores, à parte, são várias:
Unidinhas, são iguais.
Vem servir-me cor-de-rosa,
Parda me serve xinxim
(Pérfido, atraso o jantar Fitando-a entro e mim).
Mas o que serve em verdade
A Barborinha morena,
Na sua saia bahiana
Com roda de campainha,
Não é o envisco que comem
Os peixes do hotel de vidro,
Mas a sua graça apenas.
Tão quente (sendo ela fria)!
E as mãos! as mãos! – tão pequenas,
Tão pequenas, que eu diria
Que as fazem penas – e fogem
As aves que há na Bahia!
Vitorino Nemésio
A Poesia ao Domingo transforma o vazio do coração em recordações que transbordam em flores. :)
Bárbara
17.5.08
Fundação de Serralves
VINIL - GRAVAÇÕES E CAPAS DE DISCOS DE ARTISTA
10 Mai - 13 Jul 2008 - MUSEU
"Com a expansão da expressão artística para o campo do som e do aspecto visual da gravação e das suas capas, a banal capa de disco tornou-se definitivamente um objecto de culto. Esta exposição apresenta gravações visuais e acústicas de artistas plásticos, registadas desde os anos 20 até ao presente. Também se exibe documentação de uma grande variedade de experiências sonoras e linguísticas, frequentemente no limite daquilo que se entende como música."
Comissário: Guy SchraenenExposição organizada pelo Research Centre for Artists' Publications / Neues Museum Weserburg Bremen, Germany e pelo Museu d’Art Contemporani de Barcelona, Espanha
in www.serralves.com
10 Mai - 13 Jul 2008 - MUSEU
"Com a expansão da expressão artística para o campo do som e do aspecto visual da gravação e das suas capas, a banal capa de disco tornou-se definitivamente um objecto de culto. Esta exposição apresenta gravações visuais e acústicas de artistas plásticos, registadas desde os anos 20 até ao presente. Também se exibe documentação de uma grande variedade de experiências sonoras e linguísticas, frequentemente no limite daquilo que se entende como música."
Comissário: Guy SchraenenExposição organizada pelo Research Centre for Artists' Publications / Neues Museum Weserburg Bremen, Germany e pelo Museu d’Art Contemporani de Barcelona, Espanha
in www.serralves.com
16.5.08
14.5.08
13.5.08
10.5.08
Velvet Painting
Come, come, come
We’re all on the run
No one sleeps at night
The phones all ring
The sirens sing
The stars seem extra bright
And the buildings all light up like ornaments
In some black velvet painting over the bed
I want to grab you and tell you
Be happy we found someone to love
‘Cuz out here it never seems to be enough
Yeah, out here it never seems to be enough
No it never never never never never never is enough
Alina Simone
Foto: Alina Simone
4.5.08
3.5.08
Esconderijo XI
Madame Tutli-Putli
Espreitem esta MARAVILHA! Apaixonei-me!
Madame Tutli-Putli, Chris Lavis e Maciek Szczerbowski, 2008
Subscribe to:
Posts (Atom)