30.9.07
Devaneios VII
Filme: "8 Femmes"
Hoje atiro de uma vez por todas a moeda ao ar!
Cara ou Coroa???
Bárbara
Levantar a polémica, mau gosto ou intuito comercial?
Podem achar que não, dizer que há limites, que ele foi longe demais ( não é o que se diz sempre dele?), mas a verdade é mesmo esta: Oliveira Toscani está a ganhar 1-0 ao resto do mundo.
Lembram-se da mulher negra que amamentava um bebé branco? De um painel repleto de pénis e vaginas? Dos momentos finais de um doente com sida? Pois bem, Toscani está de volta: desde segunda feira passada mostra nas ruas de Itália, sem rodeios de qualquer espécie , como é que ficam 30 quilos numa mulher com 1, 65 metros de altura.
in Público, 30-10-2007
in Público, 30-10-2007
Fotografia: Oliveira Toscani
Mesa de Cabeceira VI
À aldeia chamam-lhe Azinhaga, está naquele lugar por assim dizer desde os alvores da nacionalidade ( já tinha foral no século décimo terceiro), mas dessa estupenda veterania nada ficou, salvo o rio que lhe passa mesmo ao lado ( imagino que desde a criação do mundo), e que, até onde alcançam as minhas poucas luzes, nunca mudou de rumo, embora das suas margens tenha saído um número infinito de vezes. A menos um quilómetro das últimas casas, para o sul, o Almonda, que é esse o nome do rio da minha aldeia, encontar-se com o Tejo, ao qual ( ou a quem, se alicença me é permitida), ajudava, em tempos idos, na medida dos seus limitados caudais, a alargar a lezíria quando as nuvens despejavam cá para baixo as chuvas torrenciais no Inverno e as barragens a montante, pletóricas, congestionadas, eram obrigadas a descarregar o excesso de água acumulda. A terra é plana, lisa como a palma da mão, sem acidentes orográficos dignos de tal nome, um ou outro dique por ali se tivesse levantado mais servia para guiar a corrente aonde causasse menos dano do que para conter o ímpeto poderoso das cheias. Desde tão distantes épocas a gente nascida e vivida na minha aldeia aprendeu a negociar a carácter, o Almonda, que a seus pés desliza, o Tejo, lá mais adiante, meio oculto por detrás da muralha de choupos, freixos e salgueiros que lhe acompanhado o curso, e um e outro, por boas e más razões, ominipresentes na memória e nas falas das famílias. Foi nestes lugares que vim ao mundo, foi daqui, quando ainda não tinha dois anos, que os meus pais migrantes empurrados pela necessidade, me levaram para Lisboa, para outros modos de sentir, pensar e viver, como se nascer eu onde nasci tivesse consequências de um equívoco do acaso, de uma casual distracção do destino, que ainda estivesse nas suas mãos emendar. Não foi assim.
José Saramago, "As Pequenas Memórias"
27.9.07
Disappear
just because
you call my name
I cannot hear
it's not the same
(can't close my/you close your) eyes
and knock me back
all the things that I had to (have/live)
(and now you)...just...(fallen...)
I can't believe what I had to say
all the things you never say
I'll never be what you want me to benow
I can't disappear
close your eyes and look at me
I can't believe what I cannot see
everything is like you say
change your mind and you'll have to forgive
and I can't disappear
now I can't
now I can't
Mazzy Star
26.9.07
Amores de Chocolate com Amêndoas
Ingredientes:
170 grs. de Chocolate para Culinária
1 lata de leite condensado Nestlé
150 grs. de amêndoa torrada
150 grs. de sultanas
1 pitada de sal
Manteiga para untar
Papel de alumínio para forrar
Confecção:
Forre um tabuleiro com papel de alumínio e unte-o com manteiga.
Parta o chocolate em pedaços, deite-os num recipiente e leve-os a derreter em banho-maria.
Deite o leite condensado e o sal num tacho e junte-lhes o chocolate derretido; leve ao lume, mexendo sempre, durante 10 minutos.
Retire do lume, junte as amêndoas e as sultanas e misture bem.
Com uma colher de sopa retire pequenas porções do preparado, coloque-as em cima do papel untado e deixe arrefecer até que fiquem bem frias.
Coloque-as numa taça de vidro transparente e sirva ou faça pequenos embrulhos com papel celofane.
Receita: Felícia Sampaio, Culinária do Roteiro Gastronómico de Portugal
Imagem: " Volver", Pedro Almodóvar
Fazer da vida uma grande sobremesa...
25.9.07
24.9.07
Funny Face *
Experimento a vida com uma esplêndida jovialidade e abraço o travesseiro que exala aromas de cassis e rosas.
Incito-me pela vontade de brincar com a vida e ergo a minha alma tão volúvel ao meu mundo.
Numa parceria com Nina Simone marco os esconderijos da minha imaginação que me fazem feliz e faço as pazes com a minha interioridade.
Festejo assim a minha liberdade e amo intensamente a minha transparência.
(È bom acordar assim!)
Numa parceria com Nina Simone marco os esconderijos da minha imaginação que me fazem feliz e faço as pazes com a minha interioridade.
Festejo assim a minha liberdade e amo intensamente a minha transparência.
(È bom acordar assim!)
Bárbara
* O Título é retirado do filme "Funny Face"Stanley Donen (1957).
23.9.07
22.9.07
Romance and Cigarettes
21.9.07
Bem Querer
Quando o meu bem querer me vir
Estou certa que há de vir atrás
Há de me seguir por todos
Todos, todos, todos os umbrais
E quando o seu bem querer mentir
Que não vai haver adeus jamais
Há de responder com juras
Juras, juras, juras imorais
E quando o meu bem querer sentir
Que o amor é coisa tão fugaz
Há de me abraçar com a garra
A garra, a garra, a garra dos mortais
E quando o seu bem querer pedir
Pra você ficar um pouco mais
Há que me afagar com a calma
A calma, a calma, a calma dos casais
E quando o meu bem querer ouvir
O meu coração bater demais
Há de me rasgar com a fúria
A fúria, a fúria, a fúria assim dos animais
E quando o seu bem querer dormir
Tome conta que ele sonhe em paz
Como alguém que lhe apagasse a luz
Vedasse a porta e abrisse o gás
Chico Buarque
Estou certa que há de vir atrás
Há de me seguir por todos
Todos, todos, todos os umbrais
E quando o seu bem querer mentir
Que não vai haver adeus jamais
Há de responder com juras
Juras, juras, juras imorais
E quando o meu bem querer sentir
Que o amor é coisa tão fugaz
Há de me abraçar com a garra
A garra, a garra, a garra dos mortais
E quando o seu bem querer pedir
Pra você ficar um pouco mais
Há que me afagar com a calma
A calma, a calma, a calma dos casais
E quando o meu bem querer ouvir
O meu coração bater demais
Há de me rasgar com a fúria
A fúria, a fúria, a fúria assim dos animais
E quando o seu bem querer dormir
Tome conta que ele sonhe em paz
Como alguém que lhe apagasse a luz
Vedasse a porta e abrisse o gás
Chico Buarque
Outono
19.9.07
15.9.07
13.9.07
Esconderijo VIII
Agasalho-te na minha imaginação enquanto me envergonho dos teus sinais que descobrem as maçãs do meu rosto e distraem as pregas da minha saia debruada a fantasia.
Encho-me de ti para me esvaziar aos poucos das memórias que não me atordoam mais e que amavelmente deixaram de proteger as minhas lágrimas.
Invento-me nesses teus gestos, quase que me reconheço neles, quando te escondes atrás das folhas de um jornal e finges que já és crescido. Os olhos estacam-se com a mesma cor e o mesmo brilho e trocamos as sardas dos nossos rostos tão parecidos e brincas com o meu nariz arrebitado que te faz rir.
A hora do café é um sonho acordado onde fico vaidosa de ti.
O teu timbre delicado conta-me presságios de Outono.
Encho-me de ti para me esvaziar aos poucos das memórias que não me atordoam mais e que amavelmente deixaram de proteger as minhas lágrimas.
Invento-me nesses teus gestos, quase que me reconheço neles, quando te escondes atrás das folhas de um jornal e finges que já és crescido. Os olhos estacam-se com a mesma cor e o mesmo brilho e trocamos as sardas dos nossos rostos tão parecidos e brincas com o meu nariz arrebitado que te faz rir.
A hora do café é um sonho acordado onde fico vaidosa de ti.
O teu timbre delicado conta-me presságios de Outono.
Bárbara
Foto: Anna Karina e o homem das calças slim.
9.9.07
Banda Sonora / inexperiente Setembro
António Carlos Jobim - Desafinado
Astor Piazzolla- Libertango
Beck- Girl
Belle and Sebastian - Legal Man
Belle and Sebastian - Legal Man
Billie Holiday - Strange Fruit
Bjork- Human Behaviour
Blur - Come Together
Camera Obscura- Sound
Cat Power- Still in Love
Chet Baker- My Funny Valentine
De Sela Lhasa - Floricanto
Ella Fitzgerald- No other love
Jazzanova - Introspection
Julie London - Fly me to the moon
Kings of Convenience - Cayman Islands
Koop - Forces... Darling
Led Zeppelin - Rock and Roll
Leonard Cohen - Everbody knows
Mazzy Star- Fade into you
Mogwai- Punk Rock
My Bloody Valentine - Don´t ask why
Neil Young- Sugar Mountain
Nina Simone - Love me or Leave me
Nouvelle Vague - Dance with me
Nusrat Fateh Ali Khan - Tana Dery Na
Peggy Lee - Hallelujah, I Love him so
Peter Bjorn and John - Ancient Curse
PJ Harvey - Big Exit
Radiohead - No Surprises
Rosemary Clooney - A Woman Likes to be Told
Ryuichi Sakamoto - Energy Flow
Sebastien Tellier - Brodway
Serge Gainsbourg - Je T ´aime Moi Non Plus
Stina Nordenstam - Little Star
The Cinematic Orchestra - Night of the Iguana
The Velvet Underground - Venus in Furs
The Who - Who are You / Won´t get Fooled Again
Tom Waits - Baby Gonna Leave me
Van Morrison - Sweet Thing
Wanda Jackson - Rock your Baby
Win Mertens - A Visiting Card
Yann Tiersen - First Rendez- Vous
Yo la Tengo - Sugarcube
E por vezes as noites duram meses
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.
David Mourão-Ferreira
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.
David Mourão-Ferreira
6.9.07
Une Femme est une Femme
Filme: Une Femme est une Femme, Godard, 1961
Trocaram-se as pipocas pelos cigarros e o vinho e deixaram-se cair os risos pela sala...que filme maravilhoso!!
Bárbara
5.9.07
1.9.07
Um ano depois...
Muitas vezes ao longo deste ano pensei na utilidade de ter um blogue e na verdadeira razão dessa vontade de pertença e de demonstração de mim mesma. Deslizei muitas vezes sobre o assunto sem nunca ter conseguido entender o fulcro da questão. Inquietei-me mesmo em auto-análises de travesseiro sobre esta necessidade de partilha.
Muitos são aqueles que o têm por as mais variadas razões. Saberão todos eles responder com honestidade a esta questão?
Nalguns momentos, devo confessar que este pensamento me infundiu até alguma vergonha porque entendia esta necessidade como uma extensão do meu ego. Uma maneira de olhar para mim e de me admirar por isso. No entanto, hoje, alcanço este esquecimento como a realização de algumas reflexões que faço de espírito aberto e sem grandes pretensões.
Desenho-me nesta pequena atmosfera que crio em ilustrações que felicitam o tempo/espaço e as suas memórias que fazem (também) aquilo que sou.
Gosto sobretudo de vos encontrar e sentir os vossos comentários quando me olham fixamente por dentro, sem mesmo nunca ter conhecido o olhar de alguns que assiduamente acompanham esta minha fracção.
Sinto-me tantas vezes mais blindada com a vossa força, tantas vezes mais alegre com a vossa graça... e assim me encontram e assim me colido com vocês onde preencho o meu manual de experiências.
Muitos são aqueles que o têm por as mais variadas razões. Saberão todos eles responder com honestidade a esta questão?
Nalguns momentos, devo confessar que este pensamento me infundiu até alguma vergonha porque entendia esta necessidade como uma extensão do meu ego. Uma maneira de olhar para mim e de me admirar por isso. No entanto, hoje, alcanço este esquecimento como a realização de algumas reflexões que faço de espírito aberto e sem grandes pretensões.
Desenho-me nesta pequena atmosfera que crio em ilustrações que felicitam o tempo/espaço e as suas memórias que fazem (também) aquilo que sou.
Gosto sobretudo de vos encontrar e sentir os vossos comentários quando me olham fixamente por dentro, sem mesmo nunca ter conhecido o olhar de alguns que assiduamente acompanham esta minha fracção.
Sinto-me tantas vezes mais blindada com a vossa força, tantas vezes mais alegre com a vossa graça... e assim me encontram e assim me colido com vocês onde preencho o meu manual de experiências.
O “no-esquecimento ” faz hoje um ano, estamos ainda cheios de juventude...
Bárbara ( Ouve-se por aqui Casta Diva por Angela Gherorghiu...)
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